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Mostrando postagens de outubro, 2014

Simplicidade das Coisas

Eu gostaria de reparar na simplicidade das coisas Ser um pouco livre para reparar nos pequenos detalhes da vida Mas há muito tempo não tenho Tempo O sol nasce, o chuveiro, o café fervente e o engarrafamento Trabalho, elevador, documentos, computador ligado e digitar Pausa para bajular o chefe Digitar, digitar, computador desligado e elevador Engarrafamento, casa, computador ligado e digitar De tanto digitar cheguei aqui E se eu não precisasse seguir um padrão? E se eu pudesse ter tempo? Reparar que há mais no mundo Mas o tempo sempre acaba O sol nasce, o chuveiro, o café fervente e o engarrafamento Trabalho, elevador, documentos, computador ligado e digitar Pausa para bajular o chefe Digitar, digitar, computador desligado e elevador Engarrafamento, casa, computador ligado e digitar Por mais que tentemos fugir da normalidade Faz parte de ser quem somos Todos um dia já tentaram Mas sempre voltamos, escravos Escravos do padrão que há em n...

Apenas Sinto

Sinto sua falta. Falta de do seu toque, de como você acariciava minha pele, como bagunçava meu cabelo, como me pegava no colo. Sinto falta do seu beijo molhado, que deixava minha bochecha ensopada e que eu sempre limpava quando você não estava vendo. Sinto falta das suas histórias, cheias de fantasias e sempre contadas com amor. Sinto falta de seus ensinamentos, de sua grande sabedoria. Sinto falta das intermináveis tardes que passava ao seu lado. Nunca pensei que depois de anos eu pudesse estar lhe escrevendo essa carta. Carta que nunca lerá. Mas são os fatos. A vida nunca foi justa. Não foi justa quando você adoeceu e eu vi todas suas forças se esvaírem do seu corpo, não foi justa quando eu chorava pela sua falta e ninguém via, não é justa quando me lembro de você e meus olhos se enchem de lágrimas, não é justa como eu sinto tanto e não consigo, não posso, compartilhar com ninguém, não é justa como vivi tão pouco tempo ao seu lado, não é justa! Simplesmente temos que aceitar que mui...

Inverso

Num simples verso Cabe meu inverso Toda felicidade acabou Mais uma dose, por favor Cansei de fingir alegria Ah, essa palavra me dá agonia Um pouco mais, senhor Rio a toa, inconsciente a dor Latente Já é o poente? Passe-me logo esta garrafa Gosto amargo passo a deliciar Lampejos de memórias Sorrindo a chorar Mais uma noite no porão Não mais dor, apenas solidão

Palavras são só palavras

Palavras são só palavras Do que adianta rimar Textos escrever Poemas fazer Palavras Tecer E Nada. Ordem? Para que? Organização? Então, mais o que? Escrever, escrever e... E sair do padrão Compor sem razão Letras do fundo do porão Utilizar, manejar, mexer, brincar Com verbos e substantivos soltos no ar Poderia cantar, dançar, viver Mas poeta sempre preferi ser Já apanhei, já bati Já amei, já iludi Já chorei, já sorri Já trilhei, já vivi Se vivi, conheci Agora posso escrever Me divertir E sair do padrão Somos todos rebeldes Estamos fora da lei Fora da lei do padrão Do padrão de escrever Sem palavras repetir Sem rimas fazer Mesmo que rimando sem querer Podendo tudo que quiser Afinal posso dizer Palavras são só palavras

Faceta do Medo

O medo vive a nos perseguir. Já fugi tanto deste que já não me conheço mais. Se sou bom, se sou mau, já não sei. O medo me angustia, pega minhas pernas e me arrasta no meio de uma cidade suja e maltrapilha. Por agora, descanso, mas posso sentir, ainda não ouvir, que ele está chegando, o medo quer me levar. Meu corpo desaba a tremer e posso sentir o medo chegar, de pouco em pouco ele se apodera de mim. Grito. Choro. Rezo. Oro. Mas, nada. Ninguém me ajuda. Nem uma divindade. O medo me dominou, sem pena, sem rancor. Se isso é bom ou ruim, eu não sei, mas, finalmente agora, sei quem sou.

Silêncio Confuso

Pediram para não pensar em nada Só consegui pensar no vazio do meu peito Pediram para relaxar Mas há muito tempo não largava a sensação de perigo Não me encontrar me assusta Me perdi dentro de mim Qualquer tentativa de procura é sempre frustada Dizem que estou rodeada de amigos Mas quando caí não houve ninguém Como é possível que me conheçam Se nem eu mesma sei quem sou? Preciso achar uma saída desse labirinto Preciso me achar para viver Preciso de tanta coisa Que nem sei mais se vale a pena continuar a procurar

Meu Meio

O mundo está cheio de contos de fadas, literatura fantástica, cheio de grandes pinturas, famosas esculturas, cheio de boas músicas, compositores criativos, o mundo esbanja-se deles, mas tem mais que há em fartura nesse mundo, escondidos, incompreendidos, perdidos... Estão por aí os meio poetas, meio escritores, meio cantores, meio dançarinos, meio pintores, meio desenhistas, meio tudo. Alguns se satisfazem com o meio, outros abrem mão da sua metade, mas há aqueles que não querem ser meio vividos, não aceitam, não permitem. Encaixar-me com eles não é uma decisão, mas me admitir como quem sou, quem quero ser. Do que adianta viver sem fazer a diferença, sem marcar a vida de alguém, viver pela metade? Deus nunca disse que seria fácil, que não haveria dor, mas uma coisa é certa, vale a pena tornar-se inteiro, sem medo de errar, afinal, só de tentar já se viveu.